segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

daquelas coisas sutis....

Você já viu alguém ser assaltado? Já me aconteceu mais de uma vez. Uma vez eu vi, da janela do ônibus um cara ser roubado um ponto antes do ponto que eu desço. Outra vez vi, do caminho da estação de metrô até a casa dos meus pais (nota-se que é um quarteirão de distância) um rapaz ser assaltado. Reparei de longe a expressão no rosto deles e atravessei a rua, correndo. E ainda houve uma terceira vez, quando eu estudava no Brás, que um moleque abriu minha mochila, pegou minha carteira e colocou debaixo de braço. E veja só que sorte: No mesmo minuto eu reparei que tinham aberto minha mochila e ao mesmo tempo um senhor viu o menino roubar minha carteira. Eu comecei a gritar que minha carteira tinha caído e o senhor me avisou do moleque. Eu corri atrás do moleque, o alcancei e tomei a minha carteira de volta. Carteira esta que eu tenho até hoje. Acho que ela me dá sorte. Mesmo sendo roubada, mesmo só tendo 10 reais eu a resgatei aquele dia, em 2006, em dezembro, no Brás.

E ver alguém ser roubado deixa minha mente meio maluca e cheia das perguntas “E se...?” E se eu tivesse pegado o próximo metrô e chegado na frente do homem que foi assaltado na rua da estação, teria sido eu no lugar dele?? E se eu tivesse descido um ponto antes? E se eu não tivesse visto da janela do ônibus o homem ser assaltado, teria descido mais tranquilamente, será que o ladrão teria me alcançado? Será que se o senhor estivesse amarrando o tênis, espirrando, olhando pro lado, eu teria minha carteira hoje?

Hoje eu estava na Paulista, resolvendo algumas coisas. De lá tomei um sorvete, levei uns 15 minutos e fui pegar meu ônibus. Quando eu ia para o ônibus vi um dos que eu podia pegar, corri bastante pra entrar nele (minha vida é uma corrida atrás de ônibus). Entrei, sentei e comecei a ler um pouco. Uns 25 minutos depois me dei conta que bem atrás do ônibus havia um outro ônibus que passava bem mais perto da minha casa, evitando imensas ladeiras . Desci, entrei no outro ônibus e continuei lendo até adormecer. Dormi e acordei assustada, tinha alguém brigando, acho que o cobrador, não sei. Mas sua voz me acordou. (esse é um dos momentos que uma fração de segundos parece durar mais de quarenta minutos talvez uma hora, talvez duas horas) – Eu abri os olhos, arrumei o cabelo, olhei para as pessoas que falavam alto uma com a outra, olhei para o outro lado, para ver se o ponto já tinha passado, e foi exatamente um segundo antes de passar em frente a casa dele. “Ele” é uma pessoa que mora em uma casa que fica em frente a um ponto de ônibus, ponto este que eu passo em frente todos os dias. Todos os dias! No início eu achava que o veria todo dia na sacada da casa fumando ou fazendo nada, aí o tempo foi passando e eu nunca o vi. Desses todos os dias, talvez 70% eu olhei pro lado pra ver se o veria na porta, na calçada ou na sacada. Nunca o vi. Aí parei de olhar pois o ônibus se tornou um importante momento para eu tirar o atraso do sono. Quando vi que era a casa dele que viria no próximo segundo eu não me abalei e pensei “em quase um ano nunca o vi, não vou vê-lo hoje”. O segundo seguinte, como se pode prever, ele estava lá, no puta espaço que tem na varanda, tinha até uma piscina de plástico. Foram tipo dois segundos. Eu o vi, vi que ele está vivo e com saúde e voltei a dormir. E meu sonho foi tipo um filme dessa pessoa, meio perturbador. Mas aí eu dormi demais, acordei um ponto depois, coisa que comigo nunca acontece, desci do ônibus, e imagine, a chuva chegou bem na hora que desci do ônibus. Se apenas uma coisa no caminho tivesse sido diferente, talvez eu não tivesse tomado essa chuva. E esses pensamentos, pesadelos/sonhos.

O mundo é inundado desses pequenos detalhes que no fim das contas fazem as coisas serem como são. E eu nem quero entrar no tópico “destino”/”Deus”. Milhões de coisas aconteceram na minha vida e fizeram eu conhecer alguém, ir parar em um lugar, vivenciar uma situação. Algumas eu consigo perceber, consigo me dar conta. Outras não, mas tudo bem seu sei que os ventos vão me proteger e vai ser o que tiver que ser.

E tudo isso me lembrou (e deve ter lembrado a maioria dos meus 4 leitores) dAquela cena dAquele filme. Aí vai pra refrescar a memória: