quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Leveza

Abriu os braços e sentiu o vento contra seu corpo. Como naquelas cenas de filme em que a pessoa se suicida se jogando de um prédio, com um vestido branco e os cabelos longos e ondulados causando um efeito bonito.

As coisas soavam melancólicas, o som dos ônibus passando, das britadeiras. O mundo estava girando e ela estava lá.


Fechou os olhos e tudo que conseguiu ouvir foi o barulho do vento, e a força do sol, tocando a sua pele. Há aquele momento trágico em tantos filmes que a pessoa abre os braços e cai. No momento em que ela abriu os braços e deixou o vento a empurrar, o efeito, diferente dos filmes, foi outro, ela flutuou no céu como estivesse dando um passo.
Pensou no seu peso, nas leis da física, na gravidade, pensou nas pessoas que estavam no chão, passando na rua e nada tinham a ver com a vida dela, pensou no motorista do ônibus que passa o dia fazendo aquele trajeto, pensou na britadeira, nos homens que trabalham com aquele barulho o dia todo, pensou no homem que gritava ao celular no carro ao lado hoje de manhã, pensou na sua família, nos seus fracassos, depois pensou no quanto tudo isso ficava pequeno assim de cima, sentindo o vento, o sol e principalmente


pensou ser leve. Leve de tal forma que o vento conseguiu a sentir, conseguiu se transformar no vento. Conseguiu ser o vento e se deixar ser ele. Os olhos fechados para poder sentir aquilo. Não era preciso olhar para notar o que acontecia. Era leve como se nada mais houvesse, todas as coisas que toda a vida pesavam sua consciência. Nada mais pesava. Ela estava leve. E sentia o vento nos pés.



Depois piscou os olhos, viu que estava em sua sala no trabalho, na mesa em frente ao computador, o telefone estava tocando, o celular também e todas as coisas do escritório estavam ali pra ser feitas, não pra ser observadas.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

10 confissões que não costumo confessar mas em uma madrugada de férias tive vontade.

  1.   Odeio esperar alguém, parada em algum lugar, sozinha. Mesmo 15 minutos, fico os 15 minutos pensando se a pessoa vai mesmo vir ou vai me dar um bolo. Por isso adoto a postura (muitas vezes é sem querer, eu juro) de chegar uns 5 ou 10 minutos atrasada, só pra não ficar tanto tempo sozinha, parada, esperando.
  2.    Tenho muito medo de dirigir, muito mesmo. E isso se agrava cada vez que eu ando de ônibus (ou de carro) no centro da cidade (isto é, todo dia) e vejo um monte de loucos quase se atropelando a todo instante,  motos malucas, caminhões  e ônibus correndo... por isso venho adiando tirar a carta de motorista. Mas é um medo que estou vencendo (ou tentando).
  3. Quando estou sozinha eu baixo seriados na internet, os mais bobos. Baixei as 10 temporadas de friends na crise de fim de namoro, e na crise de fim de namoro parte II, baixei  Sex and the city, todas as temporadas, e via um episódio enquanto baixava o seguinte, até o sono me vencer.
  4. Duas coisas que mais me irritam no mundo contemporâneo são: pessoas ouvindo música no ônibus (inversamente proporcional a qualidade da música ao volume que se ouve dentro do ônibus) e pessoas fazendo propaganda política o dia inteiro no twitter.
  5.  Quando estou dentro do ônibus, fico olhando pela janela as pessoas na calçada, andando, conversando, dando risada, se abraçando... dependendo da música que tá passando nos fones de ouvido acho algumas frações de segundos incríveis e penso em um dia fazer um curta a respeito do que se vê de dentro do bus. Mas sempre ficou só na idéia.
  6.  Tenho muito mais facilidade pra vomitar do que ficar doidona quando eu bebo. A maioria das vezes eu bebo até eu sentir meu estômago embolado e achar que vou vomitar,  e muitas dessas vezes eu nem estou muito alegre, alterada nem nada, simplesmente estou enjoada. As vezes que eu fico bêbada mesmo eu fico tão alegre que acabo bebendo mais e mais até o enjôo aparecer novamente.
  7.   Quase tudo que acontece eu transformo mentalmente em uma metáfora ou uma fábula e tento tirar uma lição bem bobinha daquilo, mesmo que por 2 minutos tenho esses pensamentos. Por exemplo: quando eu perdi o controle remoto da televisão eu me senti a pessoa mais perdida na vida, e quando achei me senti bem mais segura. Quando eu achei o meu RG que eu sequer sabia que estava perdido senti que eu vivia sem saber quem eu era e que eu nem sabia que eu não sabia, nem pensava a respeito.  Quando eu achei  novamente uma carteira que já foi roubada 2 vezes e eu tenho ela desde os 15 anos, me senti bem, pensando que o que é meu sempre será meu, independente de alguém tentar tomar de mim, ou querer roubar.
  8. Eu passei 6 anos sem subir em uma balança. Me pesei no meu exame admissional do meu primeiro emprego, aos 16 anos, e depois disso, só fui querer saber quantos quilos eu pesava esse ano, aos 22. Claro que foi chocante, dos 16 pra cá mudei muito, mas enfim, agora já não tenho mais esse pavor de balança, apesar de ser contra essa obsessão por ter um peso X, tantos quilos e tal.
  9.   Eu tenho medo da minha conta bancária. Prefiro deixar no mistério quanto eu tenho na conta, então vejo só quando eu vou gastar muito (tipo quando vou pagar o aluguel) ou no dia que eu recebi, que aí eu sei que por mais que tenha pouco, alguma coisa entrou na conta.
  10.  Eu adoro quando as pessoas sorriem pra mim. Principalmente quando eu falo alguma coisa que eu acho que é engraçada (mesmo as vezes sendo mais ou menos) e quando eu chego. Adoro quando as pessoas que eu gosto, que eu amo, sorriem e ficam contentes quando me vêem. Faz com que eu me sinta bem, um pouco de carência, eu sei, mas quando eu chego em casa, as pessoas me olham e me dão um Oi tão alegre e espontâneo que fazem com que eu me sinta importante. É um pequeno gesto que pra mim é bem gostoso. 

Só umas considerações que eu sei que daqui a algum tempo eu vou ler de novo e achar divertido. Nota-se que muitas coisas acontecem dentro de ônibus, faz parte. Hoje eu acordei com vontade de fazer listas, rs.  Confessa alguma coisa aí nos comentários.