domingo, 13 de dezembro de 2015

Sobre amores de uma noite

Eu, que andava descrente nesses encontros casuais, porém ainda mais descrente nos duradouros; recebi um presente da vida.

Estava em um lugar, com toda minha descrença, com todo meu ar de quem tudo sabe e nada mais me surpreende; e fui surpreendida justamente pela pessoa mais desalinhada. Cada olhar, sorriso e conversa - que por vezes nao fazia menor sentido, mas em geral era mais sensata do que de metade das pessoas que ali estavam - faziam com que eu desmoronasse e pouco a pouco todas minhas certezas  se convertiam em viver intensamente aquele momento.


Era tão recíproco, de uma forma tão  bonita, que parecia que não havia mais nada em volta  apenas  eu, ele e a música. E cada conversa, e cada olhar. E toda conversa que antes era meio papo de bêbado de repente ficou interessante. Cada elogio  que antes estava sendo levemente chato e insistente de repente foi correspondido com aquele clássico  sorriso bobo.

Com o passar da noite as danças,  o tato, as frases foram saindo mais naturalmente, e tudo fluía maravilhosamente bem desde "o que você vai fazer amanhã?" até "aonde vc estava que não te conheci até hj?".

Como num passe de mágica,  da mesma forma que ele surgiu ele se foi. Sem deixar sobrenome, telefone ou endereço.  Sem deixar mais dele e talvez essa seja a melhor coisa que poderia ter acontecido.


Talvez a vida tenha me dado essa experiência para que eu entendesse de que ainda é possível criar conexões mentais e físicas. Mesmo que por uma noite.

Eu fiquei aqui dias sonhando com esse estranho, que eu (talvez) nunca mais verei, mas ainda assim achei que foi a melhor coisa que poderia ter ocorrido para me sacudir e fazer com que eu me deixe acreditar.