sexta-feira, 23 de abril de 2010

a música no dicionário

Abro meu bom e velho dicionário e vejo uma garota de 11 anos com o seguinte pensamento:


"Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem, ou que seus planos nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém..."

E depois falam que viagem no tempo não existe. Precisei me encontrar comigo mesma há 11 anos pra lembrar quão sonhadora e idealista eu era (e sou).
A gente acaba sendo engolido pela máquina destruidora que é o sistema, que rouba nossos sonhos e nos faz trabalhar para viver e viver para trabalhar.
Ainda bem que existem pedaços de mim por aí em livros e cadernos antigos. Ainda bem que existem pedaços de mim em mim mesma, fragmentos intactos, apenas escondidos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

pieguismo autoanalítico

e aí um dia a gente se dá conta de quão amargurados fomos, e o quanto ficamos remoendo pequenas coisas, que eram gigantes perante a perspectiva que vigorava.

Mesmo eu que sempre acreditei no melhor possível, nas coisas de filmes e em sentimentos implacáveis que nem o tempo nem o medo poderiam tirar de mim, tive dias que me vi sem chão, sem apoio, alento ou qualquer coisa que pudesse me confortar, nada mais me confortava.

E tal qual as tempestades que precedem um belo pôr do sol (não sei como ficou com a nova regra de ortografia), fui me reerguendo aos poucos e, como se as nuvens fossem indo-se embora pra Pasárgada, eu passei a sorrir. e depois a rir. e depois a gargalhar. E me divertir, sair, olhar para as outras pessoas, me deixar ser feliz com elas.

Tudo era meio que momentâneo, mas cada momento eu vivi como fosse eterno, como se tudo fosse acabar ali, amizades que pareciam de anos. Algumas realmente eram, outras tiveram finais tragi-cômicos.

Mas isso me dava um certo vazio nas manhãs de domingo e quando meu coração apertava. Bem paradoxal, eu aprendi a usar o que eu tinha nas mãos. a conviver sendo feliz com uma certa dor e aquela solidão rodeada de pessoas.


E a dor, que fora tão intensa; indesejada; insensata acabou me fazendo forte, fraca, feliz e felizmente fez eu valorizar exponencialmente os momentos de felicidade.

Acreditei, por um tempo, que a felicidade seria isso aí, que eu sempre teria um limite ao ser feliz, prevenindo assim a infelicidade. Como pode isso? A gente não pode se empolgar muito em ficar feliz para depois não nos afundarmos em depressão.



Um dia tudo mudou. E tudo isso que escrevi, todas as certezas e táticas para ser feliz/não-infeliz foram por água abaixo.
E tudo que eu acreditava ou pensava mudou, eu só queria mergulhar, como quando está aquele sol e a gente quer se jogar no mar. A gente simplesmente vai. E ele nos recebe.

Um dia você chegou. E mudou tudo.