quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Aprendendo


Quando eu tinha 13 anos, ouvi um conselho da minha professora que mudou minha vida. Ela disse que beleza não era tudo na vida. Eu nunca tinha ouvido nada sequer parecido.  Sempre fui um pouco fora do padrão, e nunca fiz todo o esforço do mundo pra entrar no padrão de beleza do colégio, pois achava que não tinha jeito, eu era esquisita e assim seria sempre.
Eu já tinha lido que beleza não era tudo, mas só quando a professora falou, na aula, que eu pude entender de verdade. Foi só a partir desse dia que eu passei a me achar especial.
Tive muitos problemas de auto-estima, tenho até hoje. Mas eu achava curioso esses insights que eu tinha quando era novinha.  Um dia descobri o que significava a frase “Há males que vem para o bem” pois aconteceu exatamente isso, uma coisa muito ruim, dolorida aconteceu, mas se não tivesse acontecido não teria desencadeado uma série de acontecimentos bons. Também fiquei maravilhada quando descobri isso.
Quer dizer que beleza não é tudo e, além disso, as coisas ruins podem ter alguma utilidade? Por que a gente se sente tão mal, então? As coisas vão melhorar. A beleza de verdade está no nosso interior, e as coisas ruins transformar-se-ão em coisas ótimas um dia.
Tinha esse pensamento positivo quando tinha lá pelos 15. Então as coisas foram se complicando e um dia, eu conheci aquela passagem do Hamlet: “Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que pode sonhar tua vã filosofia.”
Tudo é bem mais complicado do que passar milhões de dificuldades e lembrar-se da adolescência “males vem para o bem”. Podem vir, mas não deixam de ser males e fazer mal.  E temos que nos recuperar e nos reerguer.
Hoje tenho 22 e às vezes ainda leio umas frases, umas idéias e acho uma sacada incrível. Hoje tive mais uma e sinto que estou pronto para seguir andando, cabeça erguida. Como a adolescente de 13 anos quando descobriu que não precisava seguir desesperadamente o que as pessoas acham que é ser bonito, mas que podemos ser bonitos sendo quem somos.

O que me impressionou hoje foi pensar sobre a fênix.  O lamento da fênix de tornar-se cinzas quando chega a hora e depois renascer mais forte, mais linda. É um mito muito belo que encarei como uma metáfora (já falei nesse blog que eu sou fã de metáforas).
O movimento do dia é me deixar ser cinza e retornar  a mim mesma com o melhor de mim, a força, a cor, a energia, a vida.

Vou-me embora

"Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive


E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!"

sábado, 11 de dezembro de 2010

amiúde

"E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude."
Vinicius.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Senso comum (ou não)

As vezes acho que o mundinho pseudo-intelectual prejudica a espontaneidade (nunca soube direito como se escreve essa palavra) das pessoas. A risadinha sem graça, somada a piada sem graça, pra mim soa tão blasé.


E dizer que algo é senso comum é tão senso comum. Até dizer que "dizer que algo é senso comum é senso comum," também é senso comum.

Então sendo senso comum, o que penso é que devemos ir além dessa classificação que gera preconceito e ainda mais: preconceito sobre nós mesmos.


De repente descobri que eu não me enquadro em nenhum grupo e classificação. Brega, senso comum, pobre, inteligente, intelectual, chique. Nada disso se identifica comigo.

Eu não sou nada, estou sempre modificando meus conceitos. E nem ligo se esse texto não tem introdução, desenvolvimento ou conclusão.

E estou feliz por escrever um texto naturalmente sem pensar em padrões de gramática, redação ou algo que as pessoas gostem de ler. Sou só eu. Mais nada.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Planos....


Em uma conversa ao meio do dia ela e a amiga, que já não eram mais duas meninas, falavam sobre quais eram suas intenções, resoluções do ano novo e tudo mais. Acabaram pensando nos anos anteriores nas diversas passagens de ano que se acompanharam na diversão, na festa, nos bons pressentimentos sobre o ano que entrava. Mas agora não era mais assim para ela.
Agora os planos e bons pressentimentos se estendem a um futuro maior. Ela pergunta a amiga:
- Quais são seus planos?
- Quero me formar, e aumentar meu salário.
Ela também tem esses planos, mas já está arquitetando em sua mente o que pretende fazer daqui a 4 ou 5 anos, talvez 10 anos. Construir o seu futuro, botar os planos em prática. Além dos ideais de ano novo, os ideais de um futuro melhor, construir tijolo por tijolo.







 Quais são seus planos?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Leveza

Abriu os braços e sentiu o vento contra seu corpo. Como naquelas cenas de filme em que a pessoa se suicida se jogando de um prédio, com um vestido branco e os cabelos longos e ondulados causando um efeito bonito.

As coisas soavam melancólicas, o som dos ônibus passando, das britadeiras. O mundo estava girando e ela estava lá.


Fechou os olhos e tudo que conseguiu ouvir foi o barulho do vento, e a força do sol, tocando a sua pele. Há aquele momento trágico em tantos filmes que a pessoa abre os braços e cai. No momento em que ela abriu os braços e deixou o vento a empurrar, o efeito, diferente dos filmes, foi outro, ela flutuou no céu como estivesse dando um passo.
Pensou no seu peso, nas leis da física, na gravidade, pensou nas pessoas que estavam no chão, passando na rua e nada tinham a ver com a vida dela, pensou no motorista do ônibus que passa o dia fazendo aquele trajeto, pensou na britadeira, nos homens que trabalham com aquele barulho o dia todo, pensou no homem que gritava ao celular no carro ao lado hoje de manhã, pensou na sua família, nos seus fracassos, depois pensou no quanto tudo isso ficava pequeno assim de cima, sentindo o vento, o sol e principalmente


pensou ser leve. Leve de tal forma que o vento conseguiu a sentir, conseguiu se transformar no vento. Conseguiu ser o vento e se deixar ser ele. Os olhos fechados para poder sentir aquilo. Não era preciso olhar para notar o que acontecia. Era leve como se nada mais houvesse, todas as coisas que toda a vida pesavam sua consciência. Nada mais pesava. Ela estava leve. E sentia o vento nos pés.



Depois piscou os olhos, viu que estava em sua sala no trabalho, na mesa em frente ao computador, o telefone estava tocando, o celular também e todas as coisas do escritório estavam ali pra ser feitas, não pra ser observadas.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

10 confissões que não costumo confessar mas em uma madrugada de férias tive vontade.

  1.   Odeio esperar alguém, parada em algum lugar, sozinha. Mesmo 15 minutos, fico os 15 minutos pensando se a pessoa vai mesmo vir ou vai me dar um bolo. Por isso adoto a postura (muitas vezes é sem querer, eu juro) de chegar uns 5 ou 10 minutos atrasada, só pra não ficar tanto tempo sozinha, parada, esperando.
  2.    Tenho muito medo de dirigir, muito mesmo. E isso se agrava cada vez que eu ando de ônibus (ou de carro) no centro da cidade (isto é, todo dia) e vejo um monte de loucos quase se atropelando a todo instante,  motos malucas, caminhões  e ônibus correndo... por isso venho adiando tirar a carta de motorista. Mas é um medo que estou vencendo (ou tentando).
  3. Quando estou sozinha eu baixo seriados na internet, os mais bobos. Baixei as 10 temporadas de friends na crise de fim de namoro, e na crise de fim de namoro parte II, baixei  Sex and the city, todas as temporadas, e via um episódio enquanto baixava o seguinte, até o sono me vencer.
  4. Duas coisas que mais me irritam no mundo contemporâneo são: pessoas ouvindo música no ônibus (inversamente proporcional a qualidade da música ao volume que se ouve dentro do ônibus) e pessoas fazendo propaganda política o dia inteiro no twitter.
  5.  Quando estou dentro do ônibus, fico olhando pela janela as pessoas na calçada, andando, conversando, dando risada, se abraçando... dependendo da música que tá passando nos fones de ouvido acho algumas frações de segundos incríveis e penso em um dia fazer um curta a respeito do que se vê de dentro do bus. Mas sempre ficou só na idéia.
  6.  Tenho muito mais facilidade pra vomitar do que ficar doidona quando eu bebo. A maioria das vezes eu bebo até eu sentir meu estômago embolado e achar que vou vomitar,  e muitas dessas vezes eu nem estou muito alegre, alterada nem nada, simplesmente estou enjoada. As vezes que eu fico bêbada mesmo eu fico tão alegre que acabo bebendo mais e mais até o enjôo aparecer novamente.
  7.   Quase tudo que acontece eu transformo mentalmente em uma metáfora ou uma fábula e tento tirar uma lição bem bobinha daquilo, mesmo que por 2 minutos tenho esses pensamentos. Por exemplo: quando eu perdi o controle remoto da televisão eu me senti a pessoa mais perdida na vida, e quando achei me senti bem mais segura. Quando eu achei o meu RG que eu sequer sabia que estava perdido senti que eu vivia sem saber quem eu era e que eu nem sabia que eu não sabia, nem pensava a respeito.  Quando eu achei  novamente uma carteira que já foi roubada 2 vezes e eu tenho ela desde os 15 anos, me senti bem, pensando que o que é meu sempre será meu, independente de alguém tentar tomar de mim, ou querer roubar.
  8. Eu passei 6 anos sem subir em uma balança. Me pesei no meu exame admissional do meu primeiro emprego, aos 16 anos, e depois disso, só fui querer saber quantos quilos eu pesava esse ano, aos 22. Claro que foi chocante, dos 16 pra cá mudei muito, mas enfim, agora já não tenho mais esse pavor de balança, apesar de ser contra essa obsessão por ter um peso X, tantos quilos e tal.
  9.   Eu tenho medo da minha conta bancária. Prefiro deixar no mistério quanto eu tenho na conta, então vejo só quando eu vou gastar muito (tipo quando vou pagar o aluguel) ou no dia que eu recebi, que aí eu sei que por mais que tenha pouco, alguma coisa entrou na conta.
  10.  Eu adoro quando as pessoas sorriem pra mim. Principalmente quando eu falo alguma coisa que eu acho que é engraçada (mesmo as vezes sendo mais ou menos) e quando eu chego. Adoro quando as pessoas que eu gosto, que eu amo, sorriem e ficam contentes quando me vêem. Faz com que eu me sinta bem, um pouco de carência, eu sei, mas quando eu chego em casa, as pessoas me olham e me dão um Oi tão alegre e espontâneo que fazem com que eu me sinta importante. É um pequeno gesto que pra mim é bem gostoso. 

Só umas considerações que eu sei que daqui a algum tempo eu vou ler de novo e achar divertido. Nota-se que muitas coisas acontecem dentro de ônibus, faz parte. Hoje eu acordei com vontade de fazer listas, rs.  Confessa alguma coisa aí nos comentários.

    quinta-feira, 30 de setembro de 2010

    passando despercebida

    Em um grande bairro, em uma grande avenida notei um muro com uma enorme poluição visual. Havia, entre muitos outros dizeres, desenhos e letras ilegíveis, a seguinte frase:

    "Acorda para a vida" (alguns outros desenhos e logo na sequência:) VIDA. (letras grandes, saltando aos olhos de quem bate o olho no muro)

    Achei interessante pois, no meio de uma teia de letras, manifestações, o que uns chamam de garrancho e outros chamam de arte, entre tudo isso e um pouco mais, a palavra "vida". Tudo soa novamente metafórico e poético.

    E eu, de dentro do ônibus, quis observar um pouco, refletir, quiçá tirar uma foto. Mas o ônibus passou muito rápido, deixando os dizeres sobre a vida para trás.

    As vezes temo ir muito rápido e não conseguir apreciar o que está além disso tudo.

    segunda-feira, 30 de agosto de 2010

    Sobre limites de caracteres e o quanto presta-se atenção no que o outro diz

    Esses dias estive pensando no quanto eu presto atenção no que os outros me dizem. E eu não estou falando apenas de conselhos. Mas se eu ouço realmente as coisas que meus amigos e parentes me falam sobre suas próprias vidas. Eu estou ouvindo? Eu estou prestando atenção? Até que ponto?

    E as coisas que eu digo, as minhas histórias? Seriam elas interessantes? Eu me faço ser entendida? As pessoas realmente ouvem a mensagem que eu quero passar quando digo algo? Vejo reações diversas que nem sempre demonstram que a pessoa entendeu, ou fez questão de entender o que eu disse, ou simplesmente que fez questão de ouvir e se distrair, se deixar rir.

    E porque que agora está tão na moda escrever em um curto espaço (atualização de orkut, facebook, twitter, etc)?? Será que ninguém mais tem paciência para ler mais que uma frase de 140 caracteres sobre o outro? E a gente vai de 140 em 140 se distraindo com outras coisas, lendo outras bobagens, escrevendo alguns outros 140. Será que não somos mais capazes de parar e ficar meia hora, quinze minutos ouvindo, lendo, simplesmente compartilhando sobre a vida das pessoas que estão próximas (ou não) a nós? (Fui colocar esse texto no facebook e não consegui, limites de caracteres, é claro.. E apesar de eu ser superadepta aos blogs penso que o alcance não é o mesmo dos outros meios de comunicação. E se for talvez eu que não saiba que estou sendo ouvida)

    Temo que a vida me torne solitária e que nada me interesse sem ser minha própria vida. E o pior... que ninguém se interesse no que eu tenho a dizer sobre minha vida. E que no fim das contas os diálogos sejam uma pessoa falando e a outra fingindo que está ouvindo mas no fim das contas cada um está pensando apenas no que vai comer no jantar....

    quarta-feira, 25 de agosto de 2010

    Metalingüisticamente falando...

    Olá, fiquei feliz com o "sucesso" de meu último post e resolvi colocar algo novo, como estava sem idéias para escrever dei uma folheada pela minha agenda e meu caderno. Achei coisas legais, que talvez seja legal guardar aqui pra posteridade. Aí vai!
     
    De repente senti uma vontade de escrever qualquer coisa e deixar meus dedos fluírem no papel, e não no teclado. É bom ver as letrinhas caprichosamente se formando no papel, tentando desesperadamente fazer uma poesia, ou uma música, um texto bonito ou apenas algum sentido que signifique alguma coisa para alguém.
    Ao abrir minha agenda encontrei um monte de contas a pagar e tarefas a cumprir. O que será que acontece com nosso instinto escritor, de escrever poemas, músicas, se indignar com tudo e todos e escrever com todo o coração?
    Poeta nunca fui, mas as vezes arrisco. Sempre tive medo de divulgar as coisas que escrevo, pois tenho um péssimo hábito de me importar muito com o que os outros pensam e dizem sobre mim, especialmente sobre o que escrevo. Porém desta vez farei algo inédito: Colocarei aqui, para daqui alguns anos eu conseguir acessar de novo e dar umas risadas de mim mesma, um singelo poema escrito em meio a uma aula de política:


    Que bom é
    Quando é dia de São José
    E ficamos todos de pé
    Exercitamos nossa fé

    Pedimos: na mesa pão e café
    E ajude nosso filho José
    Pois pra escola ele vai a pé
    A pobreza brincadeira não é
    E o dinheiro nesse poema não rima.



    Bom, é isso encerro aqui minha carreira de poeta. Achei outros poeminhas, mas é tão bobo, eu rimei "pergunto" com "presunto", então melhor eu deixar quieto. Quando eu pensar em algo legal eu posto de novo! Ou não!
    beijos, tchau!

    quarta-feira, 4 de agosto de 2010

    Loucuras particulares

    Hoje eu estava pensando naquelas coisas que só eu gosto. Não sei se isso acontece com todo mundo por isso eu considero uma loucura meio que particular. E todo mundo deve ter esses gostos, nem sempre secretos, mas únicos e exclusivos.
    Sabe quando alguém te para na rua e fala "Moça, onde fica a rua tal?"

    Eu olho de soslaio para ver quais outras pessoas tem próximas a mim e ai fico pensando "Porque será que ela perguntou pra mim e não para aquela mulher tão bem arrumada que está passando também?" ou também eu me pergunto "porque não perguntou para o homem de terno do outro lado da rua?".... E fico me sentindo bem pois acabo constatando que eu não represento uma pessoa perigosa, de quem as pessoas teriam medo, e também não represento alguém solta, perdida no mundo, aparento ser alguém que sabe o chão que está pisando, que sabe por onde anda.

    Depois de massagear o ego com uma coisa tão boba, eu já penso em todos os trajetos pra levar aquela pessoa pra tal lugar. E falo, com uma voz de detentora de toda a informação do mundo, os possíveis trajetos e quais os pontos de referência que a pessoa encontratá pelo caminho para ela não se sentir perdida. Por exemplo: Eu digo "Vc vai virar a esquerda, seguir em frente até ver o banco do brasil, depois vire a direita, depois da escola de inglês e do farol vc vira a direita, de lá você já vai ver uma farmácia, e chegou."

    Ok, nem sempre isso ajuda, pq as vezes a pessoa se perde mais ainda com o monte de informações, mas se a pessoa tem boa memória ou papel e caneta, tudo vai dar absolutamente certo.

    Então eu fico me sentindo importante pois sei que aquela pessoa vai seguir o caminho que eu guiei, eu a instruí para seguir tais ruas e tais atalhos. Eu disse a essa pessoa o que fazer e eu a fiz sentir-se segura ao ponto de ir confiando na minha palavra, mesmo sem me conhecer. Afinal, quando alguém te dá uma informação na rua e você não sentiu muita segurança no que essa pessoa falou, o que você faz? Pergunta pra outra pessoa na rua, ou então fica com vergonha e faz o caminho errado, xingando mentalmente o tempo inteiro a pessoa que deu informação errada.

    O que eu não entendo, que foi a dúvida que me fez ficar pensando e me fez pensar nesse post que eu escrevo agora, é... porque raios os cobradores de ônibus tem taaaanta má vontade em responder informações de trajetos? Sim, eles ficam o tempo inteiro ouvindo essas pergutinhas, e devem ser as mesmas, mas a maioria nem olha na cara das pessoas. Já vi alguns bem simpáticos, mas a maioria tem um humor de ogro faminto, sei lá.

    As pessoas perguntam pro cobrador por considerarem que ele é o cara que melhor conhece aquele caminho e ele mal responde ou fala que quando chegar o ponto ele avisa, mas aí ele não avisa nada! E fica tudo por isso mesmo, pessoas perdidas, cobradores emburrados, e menininhas prestativas como eu ficam alegres por responder e conseguir ajudar alguém, de alguma forma....

    segunda-feira, 2 de agosto de 2010

    Feliz mês novo!

    Começou o oitavo mês desse ano que tem sido tão gostoso pra mim. Esse mês eu começo bem pobre, mas estou praticamente lisa de dívidas. Vi uma tirinha do meu saudoso amigo Cayo, e me identifiquei bastante, pois semana passada eu fui ao banco fechar uma conta que já estava meio negativa, então a coisa ficou preta.

    By Cayo Candido

    E agora, semestre novo dívidas novas. Tomara que esse não acabe assim também, rs.

    terça-feira, 27 de julho de 2010

    gosto amargo

    Ela foi almoçar sozinha, com a cabeça baixa, pensando em como a vida as vezes pode parecer injusta. E novamente pensando em quão efêmera ela pode ser e em um sopro tirar alguém que há segundos estava ao lado. E aquela dor lhe apertava a barriga, junto a sensação de que ninguém é eterno, e nada é para sempre.

    A única vontade era terminar de comer o prato mais silencioso e desgostoso, tirar aquela dor de dentro de si e correr para estar junto de quem se ama, pra poder dizer




    Eu te amo.

    quinta-feira, 8 de julho de 2010

    O grito contido.

    Algumas vezes; especialmente hoje; penso que sou muito contida.
    Eu sou aquela que se alguém furar a fila na minha frente, difícilmente vou arrumar confusão.

    Se meu sanduíche vem errado, eu deixo quieto, como o que estiver mesmo, ou então, com a maior educação do mundo, eu aviso a moça que não era assim que eu havia pedido, e peço para ela tirar a parte que eu não pedi, por favor.

    Pouquíssimas vezes fiquei nervosa ao ponto de falar grosserias ao atendente de telemarketing, criticar o balconista da lanchonete, falar um monte ao caixa do banco. (Não digo que não foi nenhuma, as vezes acontece, mas comigo é raro.)

    E não é que eu não me incomode. Eu me incomodo, e muito. Mas eu fico pensando o quanto vale a pena xingar, me estressar e deixar as outras pessoas nervosas também. Não será melhor eu guardar minha raiva pra mim e depois abstrair tudo?

    Eu estava na fila do Banco. Já cheguei atrasada no banco porque o motorista do ônibus fez o favor de errar o caminho logo no centro da cidade, pegou uma ponte errada e aí pra fazer o retorno levou aí uns 10 minutos. 10 minutos de pura agonia. Pensando porque esse filho da p%¨@$# não fez o caminho certo. Alguém lançou no ônibus que ele errou o caminho de propósito, pra passar na frentede sei lá aonde antes e blabla. Mas porra! Eu pego esse ônibus sempre pq sei quanto tempo vai levar aonde eu quero chegar! Eu quero passar tal hora, por isso peguei esse ônibus. O cara resolve mudar do nada???

    Depois que desci do ônibus pensei: porque eu sou assim? Voltei lá pra minha infância, quando eu tinha vontade de brigar, xingar minha irmã, ou qualquer outra coisa (mas normalmente era minha irmã mesmo, a pessoa mais próxima) porém minha mãe não queria que a gente gritasse porque não gostava que fizessemos escândalos para os vizinhos. Minha mãe é meio assim até hoje. E aí engolia cada sapo pois a cada vez que ia ter briga, minha mãe reprimia, mesmo se eu tivesse razão, ou se ela tivesse razão, ou ela precisasse gritar, mesmo que eu merecesse ouvir os gritos dela, os gritos para ela incomodariam os vizinhos mais do que os não-gritos incomodariam ficando presos dentro de mim ou dentro dela.


    Por um lado isso foi bom, aprendi a driblar alguns problemas cotidianos da forma mais simpática possível, sem ser grossa. A gente não precisa brigar e gritar pra dizer quando as coisas estão erradas. A maioria das coisas tem uma solução pacífica.

    Porém outras tantas coisas, ainda mais no mundo em que vivemos hoje, na cidade em que vivemos, nesse caos que vivemos me deixam extremamente frustrada com meu bom comportamento diante de momentos descontrolados. Vez em quando eu tenho vontade de soltar tudo, tal qual um dragão.

    Voltando a história do banco, eu peguei uma fila,  precisava preencher uns dados e pagar uma taxa. Eu estava com o dinheiro em mãos, sairia dali e ia pro trabalho. A mulher fala "Agora vc vai pra fila do caixa pra pagar a taxa de 5 reais e 50 centavos". A minha vontade era falar "Eu vou ter que pegar fila de novo, PORRA? TEM GENTE Q TRABALHA NESSA BOSTA DESSA CIDADE". Mas eu só falei "Moça, infelizmente não tenho tempo de pegar a fila de novo, eu preciso trabalhar, não tem como eu pagar pra vc mesmo?" E ela disse "Não, tenta pagar na lotérica mais tarde então."
    -"PORRAAAAAAAAAAAAAAAA EU VIM ATÉ AQUI PRA RESOLVER ESSA BOSTA, E AINDA VOU TER QUE SAIR DO TRABALHO PRA PASSAR EM UMA PORRA DE UMA LOTÉRICA?"
    Foi o que eu pensei em dizer, mas só saiu "Ok, obrigada!"


    Eu tinha mais coisas para escrever aqui, mas fiquei resolvendo um monte de pepinos, pacientemente conversando com as pessoas, como sempre faço, e acabei esquecendo o desfecho do que dizia.

    Preciso começar a fazer ioga.

    "Dissestes que se tua voz
    Tivesse força igual
    À imensa dor que sentes
    Teu grito acordaria
    Não só a tua casa
    Mas a vizinhança inteira..."
    Há Tempos. 

    quarta-feira, 23 de junho de 2010

    ... É de se entregar o viver...

    Um filme
    Uma lembrança

    Um sorriso
    Uma lágrima


    Ao som de Pois é - Los Hermanos.


    "  Clareia minha vida, amor, no olhar"

    segunda-feira, 31 de maio de 2010

    Efemeridades

    Qualquer coisa que eu escrevesse aqui soaria triste e melancólica, então fica apenas o momento e a reflexão de que em apenas um sopro a vida pode ir, suavemente ou drasticamente. Felizmente ou infelizmente. Quem vai saber?

    quarta-feira, 26 de maio de 2010

    Nota do estresse urbano

    Hoje peguei um ônibus bem lotado, pra ir da Luz até a Rebouças. A distância é pouca, é bem perto, mas o trânsito é infinito. Após várias horas lá, parada, esperando o ônibus ir, eu desci na Rebouças e para evitar mais um ônibus megalotado eu fui no mercado lá mesmo pra esperar passar o horário de pico.

    Fui comer aqueles sanduiches que fazem na hora lá no Carrefour, é bem baratinho e gostoso. Magina, cheguei lá e notei que a fila tava empacada, mas eu sou teimosa e lá fiquei eu, esperando.

    Horas depois... peguei meu lanche, comi, peguei minhas coisas, fui pra fila do caixa que não seria a Patrícia se não estivesse cheia e eu não estivesse com tudo na mão pq tenho preguiça (!!!) de pegar carrinho (é uma estratégia pra eu não gastar mto dinheiro, gasto só o que couber nos meu braços!)

    e aí voltei pro ponto de ônibus pq eu estou tão sem dinheiro que acho pecado ficar mto tempo dentro de um shopping. Vai q eles resolvem cobrar alguma coisa, rs.
    Com as sacolas cheias, com amaciante, sabão em pó, detergente, etc. Mais a minha mochila cheia, mais a minha blusa de frio q não estava frio apesar da promessa de todas as previsões do tempo. Ou seja, a configuração da cena era desastre.

    O ônibus que ia pra casa estava lotadíssimo, mesmo eu tendo esperado um pouco o horário de pico passar. Eu subi com mta luta no ônibus e cada pessoa que encostava em mim, que não oferecia para segurar minhas sacolas etc, eu ficava irritava... mas segurei a raiva, e liguei uma musiquinha que me transportou para outro mundo.

    Ainda bem, pois na condição q eu tava, ia fazer um escândalo, tal qual essa:
    00;


    p.s.: escrevi esse post assim q cheguei em casa só pra desabafar um pouco, sem pensar ou utilizar-me das minhas técnicas de redação (que técnicas) para ficar bonito. É isso aí! Boa noite!

    quinta-feira, 13 de maio de 2010

    sexta-feira, 7 de maio de 2010

    o parágrafo do desabafo

    Quando a gente fica sem ação e parece que tudo vai dar errado a gente nem percebe o tempo passar, as coisas irem mudando as nuvens se formando no céu, a terra rodando. Mas ela rodou, a chuva chegou, o tempo passou e aí não é que tudo acaba, de alguma forma, achando seu lugar? Resta saber se esse lugar é nosso lugar mesmo, e se vai ser por algum tempo. E se não for, a terra continua girando, e até mesmo quando a gente dorme, os ventos podem estar soprando um rumo para as nossas vidas que nós jamais imaginaríamos.





    P.s.: estou cansada, foram mtas preocupações, mas hoje apesar de andar que nem um camelo, discutir com o cobrador e ainda tomar um susto achando que perdi o bilhete único (#pobreéfoda), meu dia foi bom, vou dormir com o sentimento de missão cumprida, e que venha tudo que tiver que vir.

    Boa Noite!!

    segunda-feira, 3 de maio de 2010

    Inércia

    Sabe quando você tem mil coisas pra se preocupar?
    Livros para ler,
    contas pra pagar,
    aulas pra preparar,
    roupa pra lavar,
    cozinha pra limpar, ....

    Tanta coisa que a cabeça roda e roda... e você não tem um norte pq não está nem aquele caos organizado de sempre. Está simplesmente o caos. Sem data para as coisas começarem a melhorar.
    Hoje eu estava assim. Querendo aproveitar o tempo do ônibus eu pensei em várias coisas que eu podia fazer para passar mais rápido e não inutilmente aquele tempo que eu passo atravessando a cidade. E aí pensei em estudar, escrever alguma coisa, ouvir as notícias no rádio, ouvir música, eu poderia estudar inglês, política, antropologia, sociologia, ou ainda preparar minha aula. Eu tinha umas 10 possibilidades.
    E quando eu entrei no ônibus eu só consegui ficar ali, sentada, eu pensava em várias coisas. Algumas coisas boas que me confortavam. E outras coisas que simplesmente surgiam na minha mente e ela ia viajando e divagando preguiçosamente como se nada mais fosse necessário.

    Depois de quase 2 horas presa no trânsito eu comecei a pensar pq eu estava daquele jeito, tão ... estática esperando o engarrafamento passar. Já faz uns dias que eu desanimei total com as coisas que deram errado. Eu poderia estar fazendo mil coisas se esse obstáculo nos meus planos não tivesse bloqueado a minha mente, dando uma desanimada em coisas que eu poderia estar fazendo agora com esse tempo livre.

    Hora de parar de me impressionar e começar a por as mãos na massa. Chega disso.

    sexta-feira, 23 de abril de 2010

    a música no dicionário

    Abro meu bom e velho dicionário e vejo uma garota de 11 anos com o seguinte pensamento:


    "Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem, ou que seus planos nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém..."

    E depois falam que viagem no tempo não existe. Precisei me encontrar comigo mesma há 11 anos pra lembrar quão sonhadora e idealista eu era (e sou).
    A gente acaba sendo engolido pela máquina destruidora que é o sistema, que rouba nossos sonhos e nos faz trabalhar para viver e viver para trabalhar.
    Ainda bem que existem pedaços de mim por aí em livros e cadernos antigos. Ainda bem que existem pedaços de mim em mim mesma, fragmentos intactos, apenas escondidos.

    segunda-feira, 12 de abril de 2010

    pieguismo autoanalítico

    e aí um dia a gente se dá conta de quão amargurados fomos, e o quanto ficamos remoendo pequenas coisas, que eram gigantes perante a perspectiva que vigorava.

    Mesmo eu que sempre acreditei no melhor possível, nas coisas de filmes e em sentimentos implacáveis que nem o tempo nem o medo poderiam tirar de mim, tive dias que me vi sem chão, sem apoio, alento ou qualquer coisa que pudesse me confortar, nada mais me confortava.

    E tal qual as tempestades que precedem um belo pôr do sol (não sei como ficou com a nova regra de ortografia), fui me reerguendo aos poucos e, como se as nuvens fossem indo-se embora pra Pasárgada, eu passei a sorrir. e depois a rir. e depois a gargalhar. E me divertir, sair, olhar para as outras pessoas, me deixar ser feliz com elas.

    Tudo era meio que momentâneo, mas cada momento eu vivi como fosse eterno, como se tudo fosse acabar ali, amizades que pareciam de anos. Algumas realmente eram, outras tiveram finais tragi-cômicos.

    Mas isso me dava um certo vazio nas manhãs de domingo e quando meu coração apertava. Bem paradoxal, eu aprendi a usar o que eu tinha nas mãos. a conviver sendo feliz com uma certa dor e aquela solidão rodeada de pessoas.


    E a dor, que fora tão intensa; indesejada; insensata acabou me fazendo forte, fraca, feliz e felizmente fez eu valorizar exponencialmente os momentos de felicidade.

    Acreditei, por um tempo, que a felicidade seria isso aí, que eu sempre teria um limite ao ser feliz, prevenindo assim a infelicidade. Como pode isso? A gente não pode se empolgar muito em ficar feliz para depois não nos afundarmos em depressão.



    Um dia tudo mudou. E tudo isso que escrevi, todas as certezas e táticas para ser feliz/não-infeliz foram por água abaixo.
    E tudo que eu acreditava ou pensava mudou, eu só queria mergulhar, como quando está aquele sol e a gente quer se jogar no mar. A gente simplesmente vai. E ele nos recebe.

    Um dia você chegou. E mudou tudo.

    quinta-feira, 4 de março de 2010

    nota do dia de folga

    Hoje, ao acordar, apesar de um pouco gripada, sentia-me mais saudável que nunca. Sentia aqueles típicos paradoxos correndo em minhas veias. Eu era uma mulher confiante, ao mesmo tempo que uma menina preocupada com as incertezas da vida.


    Mas as certezas da vida me fazem entender (ou ao menos crer) que tudo flui bem. E o certo, na vida, é esse minuto que está passando agora, é hoje. Como se tudo que passou fossem apenas ecos bem distantes que a gente ouve mas nem presta mais atenção, de tão longe e dissonante.
    Tomei um banho bem quente - fazia frio pela manhã - prestando atenção em como sou hoje - meu corpo, minha pele - e fui desfrutar aquele delicioso sono da manhã, digno de quem trabalhou a semana inteira mais o fim de semana; contente com as coisas que tenho na minha mente, hoje.




    p.s.: fui reler esse blog, asacadadacasa e fiquei profundamente triste, diferente dos outros blogs que eu tive que eram mais alegrinhos e tal. acho que 87,5% dos posts são bem downs. E alguns são ótimos, eu escrevo bem quando estou deprê. Mas a tendência é mudar isso! Vamos adiante!

    terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

    Vale a reflexão... de novo.

    "A melhor droga do mundo é o medo.

    Funciona assim: não importa o que seja, ao invés de dar o passo atrás, você desobedece seu corpo e pula pra frente, e ao vencer o que parecia invencível você se torna invencível.

    O que há de triste na vida de um homem que enfrenta seus medos?"

    Edukators



    p.s.: Eu já fiz um post igual esse antes, mas como tudo muda sempre, nesse momento faz um sentido maior e mais interessante. Pelo menos pra mim.

    terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

    feliz mês novo.

    engraçado como algumas coisas podem ocupar sua mente por várias horas, mas quando você precisa se concentrar em algo, não consegue. É como se o pensamento tivesse uma vida própria e vez em quando resolve ficar parado no mesmo lugar, no mesmo momento ou pessoa. E outras tantas vezes fica pulando de galho em galho, rolando ao sabor do vento.

    Cansei de escrever posts longos (como esse abaixo, nem consigo ler de novo, tão longo que está).

    Talvez pq ultimamente eu seja mais para um haicai do que um soneto. Ou talvez seja só uma fase. Ou ainda pode ser os dois.

    eis um haicai, só pra não ficar tão xoxo o post:



    "A vocês, eu deixo o sono.
    O sonho, não!
    Este eu mesmo carrego!"
    Paulo Leminski

    segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

    daquelas coisas sutis....

    Você já viu alguém ser assaltado? Já me aconteceu mais de uma vez. Uma vez eu vi, da janela do ônibus um cara ser roubado um ponto antes do ponto que eu desço. Outra vez vi, do caminho da estação de metrô até a casa dos meus pais (nota-se que é um quarteirão de distância) um rapaz ser assaltado. Reparei de longe a expressão no rosto deles e atravessei a rua, correndo. E ainda houve uma terceira vez, quando eu estudava no Brás, que um moleque abriu minha mochila, pegou minha carteira e colocou debaixo de braço. E veja só que sorte: No mesmo minuto eu reparei que tinham aberto minha mochila e ao mesmo tempo um senhor viu o menino roubar minha carteira. Eu comecei a gritar que minha carteira tinha caído e o senhor me avisou do moleque. Eu corri atrás do moleque, o alcancei e tomei a minha carteira de volta. Carteira esta que eu tenho até hoje. Acho que ela me dá sorte. Mesmo sendo roubada, mesmo só tendo 10 reais eu a resgatei aquele dia, em 2006, em dezembro, no Brás.

    E ver alguém ser roubado deixa minha mente meio maluca e cheia das perguntas “E se...?” E se eu tivesse pegado o próximo metrô e chegado na frente do homem que foi assaltado na rua da estação, teria sido eu no lugar dele?? E se eu tivesse descido um ponto antes? E se eu não tivesse visto da janela do ônibus o homem ser assaltado, teria descido mais tranquilamente, será que o ladrão teria me alcançado? Será que se o senhor estivesse amarrando o tênis, espirrando, olhando pro lado, eu teria minha carteira hoje?

    Hoje eu estava na Paulista, resolvendo algumas coisas. De lá tomei um sorvete, levei uns 15 minutos e fui pegar meu ônibus. Quando eu ia para o ônibus vi um dos que eu podia pegar, corri bastante pra entrar nele (minha vida é uma corrida atrás de ônibus). Entrei, sentei e comecei a ler um pouco. Uns 25 minutos depois me dei conta que bem atrás do ônibus havia um outro ônibus que passava bem mais perto da minha casa, evitando imensas ladeiras . Desci, entrei no outro ônibus e continuei lendo até adormecer. Dormi e acordei assustada, tinha alguém brigando, acho que o cobrador, não sei. Mas sua voz me acordou. (esse é um dos momentos que uma fração de segundos parece durar mais de quarenta minutos talvez uma hora, talvez duas horas) – Eu abri os olhos, arrumei o cabelo, olhei para as pessoas que falavam alto uma com a outra, olhei para o outro lado, para ver se o ponto já tinha passado, e foi exatamente um segundo antes de passar em frente a casa dele. “Ele” é uma pessoa que mora em uma casa que fica em frente a um ponto de ônibus, ponto este que eu passo em frente todos os dias. Todos os dias! No início eu achava que o veria todo dia na sacada da casa fumando ou fazendo nada, aí o tempo foi passando e eu nunca o vi. Desses todos os dias, talvez 70% eu olhei pro lado pra ver se o veria na porta, na calçada ou na sacada. Nunca o vi. Aí parei de olhar pois o ônibus se tornou um importante momento para eu tirar o atraso do sono. Quando vi que era a casa dele que viria no próximo segundo eu não me abalei e pensei “em quase um ano nunca o vi, não vou vê-lo hoje”. O segundo seguinte, como se pode prever, ele estava lá, no puta espaço que tem na varanda, tinha até uma piscina de plástico. Foram tipo dois segundos. Eu o vi, vi que ele está vivo e com saúde e voltei a dormir. E meu sonho foi tipo um filme dessa pessoa, meio perturbador. Mas aí eu dormi demais, acordei um ponto depois, coisa que comigo nunca acontece, desci do ônibus, e imagine, a chuva chegou bem na hora que desci do ônibus. Se apenas uma coisa no caminho tivesse sido diferente, talvez eu não tivesse tomado essa chuva. E esses pensamentos, pesadelos/sonhos.

    O mundo é inundado desses pequenos detalhes que no fim das contas fazem as coisas serem como são. E eu nem quero entrar no tópico “destino”/”Deus”. Milhões de coisas aconteceram na minha vida e fizeram eu conhecer alguém, ir parar em um lugar, vivenciar uma situação. Algumas eu consigo perceber, consigo me dar conta. Outras não, mas tudo bem seu sei que os ventos vão me proteger e vai ser o que tiver que ser.

    E tudo isso me lembrou (e deve ter lembrado a maioria dos meus 4 leitores) dAquela cena dAquele filme. Aí vai pra refrescar a memória: