(...só um desabafo)
Ao sair para o trabalho, não havia notado o frio que aquele dia iria proporcionar aos paulistanos naquela sexta-feira de julho. Isto por que segunda e terça era um sol maravilhoso; enquanto quarta e quinta estava mais chuvoso, entretanto sem o frio.
Mas ele veio, cortando o meu rosto como agulhadas a medida que eu andava na rua. Não andei mais que 10 minutos na rua, mas pareceu uma travessia por um deserto gelado. No ambiente de trabalho, esqueci-me da temperatura que estava na rua, ainda na esperança do vento cessar, da chuva parar assim como aconteceu nos dias anteriores.
Quando saí do trabalho notei quão despreparada para a chuva eu estava. Sem guarda chuva nem agasalho suficiente, tomei chuva, vento gelado até eu chegar em casa e colocar uma roupa bem quentinha. Coloquei uma roupa de forma que eu não passasse mais frio nessa tarde, e saí pra resolver mil coisas que ainda precisavam ser feitas nessa sexta-feira de inverno.
E já era noite, quando um homem na rua me parou, pedindo esmola e falou o seguinte:
"Compra um leite pra mim moça, eu não vou conseguir me sentir quente como você deve estar se sentindo. Eu só tenho isso"
Aí eu olhei para o moletom surrado dele. Olhei para as chinelas havaianas dele no chão gelado e molhado de chuva. Olhei para as mãos sujas dele em direção às minhas;
Olhei para mim, minhas botas, meu cachecol, meu sobretudo, minha meia quente.
Lembrei da tarde em que passei frio, tomei chuva e molhei meus pés. Eu fiquei com frio, com raiva do frio e das minhas condições de trasnsporte. Mas só até o tempo de eu chegar em casa e tomar meu banho quentinho pra colocar a meia, o casaco, o cachecol. E quanto a ele? O homem com as mãos sujas apontando para mim? E os pés dele? Devem estar congelando.
Nem todos vão acabar seu dia em um lindo edredon onde o vento não alcança. Inverno é gostoso pra quem pode ficar vendo pela tv quantas pessoas morrem de frio e de fome na rua.
Isso mudou a minha forma de encarar meu dia.
sábado, 25 de julho de 2009
Do frio (e do calor) que eu passei hoje.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Do papel amassado encontrado no fundo da mochila...
Cá estou eu, em um cartório. Tirando cópias autenticadas para fins de um plano que, quiçá dará certo, e trará uma nova esperança em minha vida.
Um porém é que eu perdi meu RG. Duas coisas que estavam comigo e hoje não estão mais: meu celular, brutalmente arrancado de minhas mãos, e minha identidade.
E em mais uma das minhas toscas metáforas fiquei pensando no que sou e no que tenho sido nos últimos meses. Perdi minha identidade. Sou só alguém meio sem rumo, só alguém meio sem fé, só alguém meio só.
Eis que hoje abro meu estojo. Há tempos não abria meu estojo pois tenho marca textos e canetas jogadas num bolso da mochila. E lá estava ela, minha identidade em um estojo velho com lapiseiras e canetas que eu usava quando possuía mais o costume de escrever.
Voltarei a escrever.
P.S.:
Tudo que eu vejo nos últimos tempos eu fico embutindo uma metáfora, por mais piegas que isso seja, é instintivo, não faço isso de propósito. Perdi o controle remoto, depois o encontrei achando que tudo melhoraria. Talvez seja a hora de parar de tentar ler tudo nas entrelinhas e passar a observar melhor a realidade. Como ela é. Nua, crua e sem sal.
Um porém é que eu perdi meu RG. Duas coisas que estavam comigo e hoje não estão mais: meu celular, brutalmente arrancado de minhas mãos, e minha identidade.
E em mais uma das minhas toscas metáforas fiquei pensando no que sou e no que tenho sido nos últimos meses. Perdi minha identidade. Sou só alguém meio sem rumo, só alguém meio sem fé, só alguém meio só.
Eis que hoje abro meu estojo. Há tempos não abria meu estojo pois tenho marca textos e canetas jogadas num bolso da mochila. E lá estava ela, minha identidade em um estojo velho com lapiseiras e canetas que eu usava quando possuía mais o costume de escrever.
Voltarei a escrever.
P.S.:
Tudo que eu vejo nos últimos tempos eu fico embutindo uma metáfora, por mais piegas que isso seja, é instintivo, não faço isso de propósito. Perdi o controle remoto, depois o encontrei achando que tudo melhoraria. Talvez seja a hora de parar de tentar ler tudo nas entrelinhas e passar a observar melhor a realidade. Como ela é. Nua, crua e sem sal.
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